quarta-feira, 14 de outubro de 2009

...como ondas que vêem e se vão...


Ressaca na Biquinha - 11/04/2009

"Eu amo tudo que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que a dor deixou,
O que deixou alegria
Só por que foi, e voou
E hoje é já outro dia"

Fernando Pessoa

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

A involução da escrita



Existem também as pessoas que "vivem" pela e para a internet, fazendo da grande rede o seu mundo, e relegando o verdadeiro - e real - para  segundo plano... daqui há pouco vai ter gente que prefere jogar videogame do que pegar uma onda. Patético...

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

10 coisas que a internet está destruindo

10) A língua portuguesa: Ronald Golias tinha um quadro na década de 70 onde discorria sobre o más, mas e mais e suas diferenças (elas são más, mas têm mais qualidades que defeitos, por exemplo). Isso sumiu com os comunicadores eletrônicos. Só o MAIS existe. Além disso nos acostumamos a abreviar. "Você" é "vc", "Por que" é "pq" e até um gostoso beijo é "bj". Não podemos também deixar de lado a nova gramática internética que produz pérolas como "podexá qui to sussa lah nu msn".
9) Álbum de fotografia: antigamente para você ver as maravilhas que registrou na sua viagem ou festa de aniversário tinha que mandar revelar o filme e aí era só montar o álbum e mostrar para todo mundo. Hoje não. Sem a limitação de chapas a serem batidas, podemos disparar mais de 1.000 vezes e depois jogar tudo no Facebook, Picasa, Flickr ou seja qual for o site que pretende se expor e deixar lá para quem quiser ver.
8) Expectativa pelo resultado do jogo: bons tempos aqueles onde você mal esperava o momento para comprar o jornal e finalmente ver como foi XV de Piracicaba versus Bangu, direto de Limeira. Agora é só entrar na net e conferir em um dos milhares de sites de esportes.
7) Hora do almoço: quantas vezes você sai a pé no almoço para espairecer, tomar um sol ou respirar ar de verdade ao invés de ficar atualizando seu Orkut, Facebook etc ou lendo seus e-mails pessoais?
6) Ler jornais: comprar um "solta-tinta" na banca ou assistir um telejornal à noite eram as únicas maneiras de se manter diariamente informado. Agora as notícias são apresentadas em tempo real e se você não as ler no exato momento em que saíram, em uma hora já está caduca.
5) Dezenas de cartões de Natais em sua caixa de correio: era tão bom quando chegava o fim do ano e você recebia cartas e cartões de gente que não via há décadas. Naquelas mal traçadas linhas, sentia um calor imenso no peito por ter sido lembrado. Hoje tem o impessoal e-mail, fácil de enviar, fácil de apagar. E as linhas não são mais mal traçadas porque tem corretor autográfico.
4) As emoções da pornografia: lembra quando você era moleque e tinha uma alegria imensa em colocar suas mãos em uma revista de sacanagem que ficava devidamente escondida em algum rincão escuro do seu armário ou debaixo do colchão? Era uma transgressão imensa, não é mesmo? Isso acabou. Hoje qualquer garoto pode acessar sites adultos e achar de vietnamitas anãs lésbicas a homens que se vestem de Pato Donald com apenas alguns cliques. E ainda limpar os rastros com uma facilidade imensa (sim, eventualmente nossas mães achavam as revistas).
3) Comprar um disco ou CD por causa de uma música: você escutava na rádio alguma música que gostava e eram horas pensando se valia a pena adquirir a duras custas o LP (esse é velho) ou CD daquele artista, mesmo porque não era barato. Atualmente existem os sites que vendem música a música e os recursos do download ilegal, que fazem com que "os artistas de um sucesso só" se multipliquem como coelhos.
2) A visita à biblioteca: quando você estava na escola e precisava fazer um trabalho sobre a influência do asfalto na cultura de aspargos em Zâmbia, tinha que ir para a biblioteca do colégio, já que sua coleção da Conhecer não abordava esse importante tópico. O Google (e agora o Bing) acabou com isso e o recurso do Copiar/Colar ainda faz com que a molecada nem leia o texto. Sem contar que, nem toda a informação da internet é verdadeira e nem toda verdade está na internet.
1) A privacidade: além dos softwares que registram o que você acessa e procura e mandam para os imperadores da internet todas as informações a seu respeito, as redes sociais se tornaram verdadeiras vitrines com pessoas se expondo de uma maneira que nem seus pais conheciam. A falta de bom senso também impera naqueles que se abrem de maneira explícita (os famosos "apague essa mensagem" do Orkut) e nos cafajestes que adoram publicar fotos de ex-namoradas nuas em páginas especializadas em amadoras.

Fonte: Terra

O inferno é o excesso de bem

Folheava com admirável assombro um livro de gravuras sobre o inferno.

Mundaréu agonizando castigos indescritíveis. Vítimas de chicotes, fogueiras e arreios. Mulas de pedra e dor. Um mar de cotovelos e joelhos estalando no precipício.

Os pais me emprestaram as pinturas para ficar com medo de pecar e só aumentaram a minha curiosidade.

Não levei a sério. Se fosse verdade, o masoquista faria reserva do caldeirão.

Discordo que o inferno seja a privação do que gostamos. A renúncia do que não valorizamos.

O inferno é o que a gente ama, mas em excesso.

Lembro da torta de nozes. Era apaixonado, comia uma fatia por noite durante anos. Botava guardanapo na gola para naufragar a barba no creme. Hoje não suporto o cheiro. Tortura seria me colocar dentro de uma vitrine repleta do doce. O mesmo ocorreu com a panelinha de coco, o alfajor, o chocolate em barra.

Alegria em demasia é tristeza. Quem repete três vezes seu prato predileto tem rosto de velório.

O paraíso é o bocado, o gole gostoso, o pouco intenso. Deixar o que se deseja para depois e nunca deixar o desejo.

As mulheres reivindicam homens românticos. Pedem escandalosamente um perfil gentil, amável, cordial, obediente, misto de agenda (capaz de lembrar todos os aniversários e datas comemorativas) e diário (que escreva poemas e preencha cartões floreados). Na hora em que encontram o sujeito sonhado, querem distância. Consideram a figura grudenta, gosmenta, tediosa. Resmungam que é muito submisso (se você vem sendo chamado de fofo pela namorada está a um passo do despejo)

Os homens procuram mulheres com irrefreável apetite sexual. Para ter sexo a cada turno. Sem enxaqueca, trabalho e preocupações familiares. Caso pudessem, adotariam arquitetura de motel no quarto com retrovisores na cama.

Pois quando se deparam com uma ninfomaníaca viram monges. Usam pijamas listrados. Decidem discutir a preliminar. Forram a cabeceira com dicionários. Revelam traumas de infância.

Torna-se insuportável trepar a cada quinze minutos e não terminar um pensamento inteiro. Não é mais questão de virilidade, é de sanidade. A transa depende da lembrança para renovar a imaginação.

Qualquer cinéfilo que assista a 12 horas de filmes fugirá da tela em branco. Qualquer médico que fique 36 horas de plantão desistirá de suas mãos.

O exagero do bem enjoa. O exagero do prazer é o inferno.

Fabrício Capinejar

quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Chico Buarque é surf!




"...sonha aquela mina, olerê
Prancha, parafina, olará
Dorme gente fina
Acorda pinel..."

Chico Buarque - Pivete

Eu te amo


Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir
Ah, se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir
Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir
Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu
Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu
Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair
Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir
Ah!...

Chico Buarque - Eu te Amo

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Há exatamente 01 ano atrás...

...meu perfil no Orkut dizia isso sobre minha personalidade:




Sou apaixonado pelo surf. É na água que eu me perco e me encontro, é de lá e desse sentimento que eu tiro a energia e o sorriso que eu preciso para continuar... a viver, a surfar...

Sinto que quando não estou na água surfando ou esperando a minha onda... eu sou uma pessoa infeliz.

É como se nada mais tivesse significado ou importância para mim - mesmo que eu tente parecer com que não...

Porque quando eu dropei minha primeira onda, eu senti algo inexplicável, o significado da palavra FELICIDADE se tornou real em minha vida como nunca havia acontecido antes.

Pode parecer vazio, tolo até. Mas não tem explicação, é como tentar definir em palavras as diferenças entre as cores, ou definir o que é paixão.

Só quem se apaixonou sabe o que é, como é, e como é bom!

E eu sou apaixonado pelo surf, e o resto, para mim, é secundário.

Faço o que tenho que fazer diariamente para poder surfar - trabalho, administro minha lojinha, minhas poucas finanças. Não me condeno, não me culpo, simplesmente vivo para surfar e surfo por que preciso me alimentar dessa energia e dessa felicidade.

Algumas pessoas precisam trocar de carro todo ano, comprar aquela roupa caríssima, colecionar amores - eu preciso apenas surfar, surfar, surfar. Apenas isso, surfar e viver... Que o mundo consuma e seja consumido nesse frenesi desenfreado, nessa fúria de acabar com o planeta, de cada um superar o seu semelhante, seu irmão.... Essa vida é passageira!

Mas a batida que eu dei ontem, e o noseride que eu farei amanhã - naquela valinha só minha, ao amanhecer do dia, sozinho, apenas eu e o sol como testemunha... ah, essa lembrança é eterna e ficará para sempre comigo, e eu a levarei para onde quer que eu vá, para onde quer que eu for...

E isso não tem preço, e nada se pode comparar a isso.

NADA!

Não nessa vida.

Nada mudou! Só meu amor pelo surf.
Se tornou maior e mais intenso...